sábado, 16 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2 renova moral do cinema brasileiro

Tropa de Elite 2 é um filme que renova a pouca confiança que o público tem do cinema brasileiro.

Tem tudo que um filme precisa pra se tornar clássico: boa direção, boa produção, bom roteiro, bons atores, dialógos memoraveis, boa trilha-sonora e de quebra humor-negro, além de trazer uma crítica/denúncia ousada ao sistema.



Logo na estréia quando ainda não havia assistido, li algumas críticas que diziam que o filme havia amadurecido diante do primeiro e não haviam os bordões-chicletes que tornou-o popular. Juntando as primeiras críticas com o trailer que achei fraquíssimo fui ao cinema como quem já esperava decepção; sem contar que sempre que lançam uma continuação não planejada de um filme me da a impressão de que o filme é meramente comercial.

Estava enganado.

O filme é uma obra-prima, superando o primeiro em todos os quesitos, e pra mim empata com Cidade de Deus na lista de melhores filmes brasileiros.

Tudo esta melhor nessa continuação.

O Roteiro

A história deu um pulo de 12 anos - o que por um lado eu achei ruim, pois com o Capitão Nascimento mais velho limita-se a possibilidade de haver um Tropa de Elite 3. Capitão Nascimento agora é Coronel Nascimento e o 'Aspira' agora é Capitão Mathias.

Como no primeiro, o filme 'começa do final' - ou quase do final - criando uma espectativa na platéia que quer saber quais eventos levarão até ali.



A seguir vemos uma ótima sequência de uma operação do Bope e apresentação de alguns novos personagem, entre eles um pseudo-moralista (tipo o que eu mencionei no post da Dilma) do tipo 'direitos-humanos acima de tudo' que é posto como 'rivalzinho' do Corona. O sujeito é do tipo que prende a atenção dos ouvintes com discursos humanítários e dados matemáticos absurdos que impressionam.

Não quero ser entendido errado; o personagem é ótimo e adorei a interpretação do ator - que desconheço o nome. Sem contar que ele tem uma relevância imensa ao decorrer da trama.

Os problemas pessoais recebem uma atenção especial, enquanto o BOPE que foi o grande protagonista do primeiro passa a ser meio que um coadjuvante. Mas não pense que essa mudança comprometeu o filme não.

A história como todo mundo já sabe tem foco na milícia. Não vou fazer sinopse por que todo mundo já sabe mais ou menos o que acontece e também por que não sei resumir filmes. A questão é que as tramas e subtramas são muito bem montadas, a narrativa da história é ótima e o roteiro só não é impecável por causa de alguns exageros (que eu entendo que são necessários pra aumentar a tensão de quem assiste) e por alguns defechos prevísiveis - mas afinal, o que hoje em dia não é previsível?

Os Atores / Personagens

Os Personagens foram muito bem trabalhados e as atuações foram menos caricatas que algumas do primeiro.

André Ramiro (Capitão Mathias) cresceu-se significativamente como ator (convenhamos que no primeiro filme ele não convenceu) e arrasa como a "menina dos olhos" do Coronel Nascimento.

 
Meu conterrâneo, Wagner Moura, nem se comenta, o cara é o melhor do Brasil.

Agora, as revelações ficam por conta de Irandhir Santos, André Matos e Sandro Rocha, respectivamente o 'direito humanista' Fraga, o político/apresentador Fortunato e o Major Russo.

Uma composição da porra.

Referências a apresentadores baianos ou coincidência?

Aqui na Bahia temos 3 programas estilo 'mundo-cão' popularíssimos: Na Mira, Balanço Geral e Se Liga Bocão. Pode ter sido acaso, mas o personagem Fortunato e seu 'Mira Geral' parece referenciar esses 3 programas não só pelo discurso 'falo mesmo' e postura dos seus apresentadores, quanto pelo próprio título e bordões utilizados.

O nome 'Mira Geral' seria uma mistura de Na Mira e Balanço Geral; O discurso 'Dar flores pro bandido' já foi feito por Uziel Bueno - ex-apresentador do Na mira, o murro na mesa lembra os tapas de indignação de Varela - o apresentador do Balanço Geral - e o bordão 'larga o aço' era frequentemente usado por Zé Eduardo - apresentador do Se liga Bocão.

Me pareceu uma referência...

Enfim...

Resumindo, Tropa de Elite é um desse filmes raros e únicos de relevância não só social como artística. Sim, por que quem sabe esses diretorizinhos e roteiristazinhos medíocres que comandam o cinema brasileiro não assistem, tomam vergonha e vão fazer um filme brasileiro que se aproveite - somado a atual crise de criatividade de hollywood, seria uma boa oportunidade pro cinema brasileiro ganhar destaque mundial.

Eu já desisti de ser cineasta, mas ainda tô na torcida.


Resumo crítico do filme pra quem tem preguiça de ler o artigo todo:

Assista que é DO CARAAAALHO!!!!



P.s.: Porra, como eu esqueço de mencionar Seu Jorge!? O cara fez uma ponta de um 20 minutos no filme, mas fez de maneira memorável.  

6 comentários:

Anônimo disse...

o melhor filme nacional desde de tropa 1

Alex Bittencourt disse...

Pra mim é o melhor filme brasileiro depois de Cidade de Deus

Athena disse...

soh nao gostei pq vc soh lembrou de Seu Jorge no final...

Alex Bittencourt disse...

Todo mundo reclamando dos meus 'p.s'...

Athena disse...

Nem comentei o fato de vc nao ter mencionado as melhores cenas...
Morte do Matias e Cap. Nascimento no revide saindo do hospital...

eu te perdôo...

Alex Bittencourt disse...

Concordo com você Sara Loren, mas não sei se você será perdoada por quem ler seu spoiler...

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